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O mercado Brasileiro de e-commerce frente aos EUA

Por Solange Oliveira*

 

O varejo digital brasileiro cresce a largos passos. Em 2012, faturou R$ 24,12 bilhões e projeta uma arrecadação de R$ 30 bilhões para 2013. Enquanto isso, o varejo digital americano faturou US$ 224,2 bilhões e tem expectativa de fechar 2013 com um crescimento de 14,2%.

Os volumes de negócios parecem muito diferentes, porém é preciso avaliar que a atividade comercial da Internet no Brasil começou apenas em 1995, e que os primeiros e-commerces vieram no final de 1999, começo de 2000. O crescimento do mercado nacional nos últimos anos ficou sempre acima dos 28%, enquanto nos EUA decaiu de 16,3% para 14,8% no mesmo período. Neste ano, o e-commerce mundial deve crescer 18,3%, faturando um total de US$ 1,298 trilhão.  Estima-se que a Ásia ultrapassará os Estados Unidos, tornando-se o mercado número um do mundo no comércio eletrônico. 

Apesar dos volumes diferentes, os cenários dos e-commerces brasileiro e norte-americano apresentam similaridades sobre as categorias de produtos mais vendidas, como o segmento de Acessórios e Vestuário, que fica em segundo lugar em ambos. Entretanto, uma categoria que o brasileiro ainda não descobriu é a de Peças e Acessórios Automotivos, ou seja, um nicho interessante para investimento.

 

Mercado

O e-commerce surgiu para trazer comodidade às pessoas, e esse ainda é o principal objetivo ao comprar on-line, mas os mercados brasileiro e norte-americano possuem motivações diferentes. Nos EUA, compra-se por conveniência, melhor preço, fácil acesso a avaliações, variedade, opção de devolução e recompensa por uso do cartão de crédito. Já o brasileiro tem como principais motivos a conveniência, promoções e descontos, frete grátis e fácil comparação de preços.

Tradicionalmente, nos Estados Unidos o consumidor sempre sabe quanto está pagando de impostos no momento da compra e, até pouco tempo, quem comprava pela Internet estava isento de impostos por causa de uma lei antiquada. Em maio último, o Senado dos EUA aprovou a Fairness Act Market, que exigirá de todos os varejistas coletar impostos para os estados para onde as mercadorias são vendidas. 

A nova Lei de Equidade de Mercado, como tem sido chamada, obriga os governos estaduais que querem cobrar o imposto a fornecer às empresas o software para cálculo dos impostos e criar uma entidade estatal para receber o pagamento. Entre os defensores do projeto estão grandes varejistas como a Target, a National Retail Federation, Amazon e o presidente Barack Obama.

Enquanto isso, no Brasil, o e-commerce também tem chamado atenção em função da regulamentação e impostos. No dia 14 de maio entrou em vigor o decreto 7.962, que regulamenta a lei 8.078 de setembro de 1990, e que deve mudar o dia a dia das lojas virtuais. Ao contrário das vendas on-line nos Estados Unidos, não é claro para quem compra o quanto está pagando de impostos sobre os produtos. Para isso, é preciso saber qual é o regime contábil que o e-commerce está inscrito. Se for Simples Nacional, arrecadam-se vários impostos: IRPJ, CSLL, Cofins, PIS/PASEP,CPP.

E em vigor desde 01 de abril de 2011, o inconstitucional Protocolo 21 foi instituído pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), no qual produtos comprados por e-commerce e enviados a 19 Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal, estão sujeitos à cobrança do ICMS também no destino, resultando em dupla tributação. O não pagamento poderá gerar a apreensão da mercadoria.

O Black Friday é outra grande diferença entre e-commerces brasileiro e americano. A data americana acontece no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças, seu volume de vendas é impressionantemente alto, visto que os descontos são realmente significativos e os empresários americanos querem liquidar o estoque antigo para recebimento de novas mercadorias para o Natal. Em 2012, faturou mais de US$1 bilhão. O Black Friday no Brasil começou em novembro de 2010 e faturou R$ 217 milhões em 2012. Mas o “jeitinho brasileiro” apenas maquiava os descontos, que chegavam a até 15%, contra uma economia de 30% a 70% nos EUA. Ainda falta um pouco de maturidade para o e-commerce brasileiro entender a essência e aprender a fazer promoção na Internet.

*Solange Oliveira é vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm)